quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Manifestobsessão - Intervenção Urbana

Ditadura digital: Redes sociais e a influência na vida dos adolescentes

     A adolescência é a fase em que o que as pessoas pensam e dizem tem grande peso, e o uso das redes sociais, cada vez mais frequentes, vem fazendo com que os mesmos a utilizem como meio para se exibirem e se tornarem conhecidos em um grupo ou local. E essa busca por reconhecimento trás várias consequências na vida dos mesmos.
     Todo colégio possui um grupo ou uma pessoa que se destaca entre as outras, seja pela simpatia ou pela beleza, elas são conhecidas como populares. Passam o tempo juntos, seguem-se em redes sociais e marcam encontros. Normalmente os outros da escola fazem de tudo para participarem do grupo, mas nem sempre são aceitos. Essa popularidade hoje é determinada pelo número de seguidores nas redes sociais e pela quantidade de curtidas que cada foto postada recebe. Alguns conseguem obter mais de duzentas curtidas com menos de dez minutos de postagem. Fazem caras e bocas, fotografam-se em locais onde viajam ou passeiam e alguns exibem roupas de marca, mesmo não tendo condições.
     Os populares, que hoje receberam o título de famosinhos, são sempre convidados para festas e eventos e todos os presentes querem fotografar com eles, para assim receberem ainda mais curtidas. Em consequência disso, os demais adolescentes, que não recebem muitas curtidas, são excluídos dos grupos, não são convidados para festas e alguns ainda sofrem com o bullying (Amedrontar, intimidar), pois por não receberem curtidas, são ignorados e passam a se considerarem inferiores. Essa troca de curtidas ganhou um documentário nos Estados Unidos, o Generation Like, que diz ‘você é o que você curte’.
     Alguns requisitos são necessários para que eles mantenham o status, como por exemplo, ter mais de trezentas curtidas nas fotos postadas, participar dos encontros, ter um aparelho celular de última geração, tirar fotos em frente a espelhos e usar roupas de marca, preferencialmente. Nem todos possuem condições de manter esse padrão. Devido à idade, a maioria não trabalha, e precisam dos pais para fazer as compras. Alguns vendem as roupas e compram outras novas, para não repeti-las nas fotos.
     Após postarem a foto, aguardam a resposta dos seguidores, caso seja negativa e o número de curtidas não satisfaça, a imagem é excluída. Isso faz com que eles percam a autoconfiança e passam a ficar insatisfeitos consigo mesmo. Essa ditadura causa a dependência do uso de redes sociais, exclusão dos considerados não populares, além da tendência a suicídio. Cabe aos pais fiscalizarem o comportamento de seus filhos, para que consequências piores venham a prejudicar.

Introdução

A ditadura escolhida foi a digital, dando ênfase nos efeitos dela na vida dos adolescentes. Para representar essas consequências, usamos o que acontece na região que envolve todos os adolescentes: a ditadura das curtidas, ou seja, se o adolescente não recebe curtidas, é excluído do meio. Para demonstrar essa divisão, estudamos perfis de alguns deles considerados famosos de Ipatinga, para entender qual motivo os levam a postarem tantas fotos e qual a importância disso na vida deles. O que não foi muita surpresa as respostas, é simplesmente questão de autoestima e autoconfiança, que aumentam ao serem reconhecidos. Uma pessoa popular não pode estar junto com um não popular, segundo eles, e isso consequentemente causa a exclusão, ditando que ou você tem muitas curtidas e seguidores e sempre será convidado para tudo, ou você não é conhecido. Nossa proposta é mostrar essa divisão e as consequências da mesma.

Proposta de intervenção

A proposta foi criar uma estrutura que representasse a divisão que as redes sociais causam nos adolescentes. Criando dois lados divididos por uma parede, que representa os seguidores e as curtidas, com um olho mágico no meio, que representa a lente de uma câmera, usada para as fotos, o lado considerado inferior observando os populares, que é a intenção dos mesmos em chamar a atenção dos outros para si, e por não ter como olhar por um dos lados do olho mágico, representa os populares que não olham o lado dos outros, neste caso, não é possível ver, pois a imagem fica embasada, mas o que acontece online é que eles não fazem essa observação, por que para ser popular deve-se andar com pessoas do mesmo status, segundo a ditadura dos mesmos.

Objetivos

O objetivo da proposta é mostrar as consequências da divisão que a ditadura digital provoca nos adolescentes. Realçando os dois lados de pessoas que estão na mesma faixa etária, mas que se diferem em relação a status.  

A escolha do local

O local definido foi o Parque Ipanema em Ipatinga – MG, pois é onde os adolescentes considerados populares das redes sociais se encontram para tirar fotos, conversarem, ganhar seguidores e pedir curtidas para suas fotos. Eles também se encontram no Shopping do Vale, também em Ipatinga, mas por ser um local com mais burocracia para realizarmos a intervenção, definimos o Parque Ipanema. Os adolescentes normalmente se encontram no período da tarde estendendo ate o anoitecer. Como eles se aglomeram em um local, fica mais fácil chamar a atenção dos mesmos para a intervenção. Escolhemos um local onde havia maior aglomeração de pessoas, próximo ao Playground, um local de fácil acesso, com maior rotatividade e onde o fluxo de pessoas estava maior. O dia escolhido foi o  domingo, pois é o dia em que eles se reúnem no local. A intervenção foi realizada dia 31/08/2014, a partir das 15:30 até o inicio da noite, quando a maioria dos adolescentes ja iam para casa.

Intervenção manifesto

Para a intervenção, montamos uma estrutura em formato de T, para representar a divisão causada pelas redes sociais. Ela foi coberta com uma lona amarela, a cor forte chamaria mais atenção das pessoas que passassem pelo local, e a lona foi escolhida pelo material ser mais difícil de rasgar do que TNT, que era nossa segunda opção. A estrutura era um mostruário de torneiras em forma de L, e anexamos outra madeira de tamanho proporcional para fazer o formato de T. Na parede do meio, colocamos um olho mágico, de forma que de um lado você consegue ver o outro, mas do outro lado não consegue ter a mesma visualização, por que fica embaçado. 








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